Carta aberta  ao Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Criança e Jovens

Категорія: SOS Ukrania pt
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52   À Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Criança e Jovens

   Exm.ºs Senhores:

   Em conjunto com o Ministério da Educação de Portugal, está a vossa Comissão diretamente envolvida no acolhimento das famílias de refugiados ucranianos devido à agressão russa, e que encontraram abrigo em Portugal. Agradecemos sinceramente a vossa compreensão e preocupação com as crianças ucranianas, pois sabemos das dificuldades psicológicas e do estresse enfrentados por aqueles cujas vidas foram desestruturadas devido à guerra.

   Mesmo com os amplos e eficazes programas fornecidos pelo Governo português para integração e redução do trauma das crianças ucranianas, é impossível esquecer essa guerra, cujos relatos são, muitas vezes, enviesados. Assim, queremos alertar sobre uma persistente violência psicológica contra os ucranianos, incluindo crianças, já em território português.

   Nas livrarias, onde jovens e crianças ucranianas compram livros escolares em Portugal, surgiu em venda o livro “A Guerra a Leste” do jornalista Bruno Amaral de Carvalho. Este jornalista, já notório pelos relatos feitos a partir do território da Ucrânia ocupada pelas tropas russas, justifica os crimes russos contra os ucranianos e apresenta falsos testemunhos extraídos da propaganda .

   Em particular, distorce o que foi o ataque aéreo dos russos com bombas de fósforo contra o Teatro Dramático de Mariupol, onde centenas de mulheres e crianças morreram, apesar de terem escrito, na praça em frente do teatro, com grandes maiúsculas, que havia crianças lá.

  Em geral, desde o início da invasão da Ucrânia em 2022, a Federação Russa realocou à força 20 mil crianças ucranianas para territórios sob seu controle, concedeu-lhes cidadania russa, adotou-as forçosamente em famílias russas e criou obstáculos para reunir as crianças com as famílias biológicas na Ucrânia. O Tribunal Penal Internacional emitiu mandatos de prisão para o atual presidente russo, Vladimir Putin, e a comissária para os direitos das crianças da presidência russa, Maria Lvova-Belova, por esses crimes.

   Para nós, ucranianos, é muito doloroso ver que algumas empresas em Portugal decidiram lucrar "com o sangue e o sofrimento" dos ucranianos, promovendo abertamente a propaganda russa. E os refugiados da Ucrânia, especialmente as crianças, sofrem ainda mais traumas, ao testemunharem pessoalmente a agressão russa.
O livro “A Guerra a Leste” não trata de uma outra perspetiva sobre a guerra. É propaganda da Federação Russa, que iniciou uma guerra não provocada e inventa justificações para os graves crimes contra os ucranianos.

   Portanto, pedimos que tomem todas as medidas legais necessárias para evitar a violência psicológica contra as crianças ucranianas em Portugal, considerando se é lícito vender propaganda russa de agressão contra a Ucrânia.

     Presidente da Associação dos ucranianos em Portugal,

     Pavlo Sadokha

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