A Ucrânia é o coração da Europa!

Sob este lema, este ano, ocorrerão eventos organizados por ucranianos em várias cidades de Portugal para celebrar o Dia da Independência da Ucrânia.

Este lema não foi sugerido por nós, ucranianos. Foi proposto por uma voluntária portuguesa de grande coração, que desde o início da grande guerra tem-nos apoiado incansavelmente e que recentemente visitou a Ucrânia.

Frequentemente questionam-lhe: Por que fazes isso, se não é a tua guerra?

Não, esta guerra também é dela. É a guerra de todos que não toleram a injustiça. De quem não aceita que um país maior e agressor viole todos os acordos internacionais e invada outro país, matando todos aqueles que se recusam a tornar-se escravos, ou que simplesmente matem por prazer. De quem não acredita que é possível fechar os olhos parante um genocídio evidente, apenas para evitar problemas para seu o país. De quem não profere slogans populistas sobre paz enquanto continua a lucrar com a guerra ou a negociar com o agressor.

Finalmente, de quem entende que evitar uma catástrofe global (Terceira Guerra Mundial) não será possível por meio de um compromisso com o terrorismo.

Infelizmente, a maioria no Ocidente ainda não entende a essência desta guerra, apesar das declarações públicas de políticos russos.

Para os russos, existe uma única política oficial de Estado, onde o Ocidente é o agressor e quer acabar com a Rússia. Portanto, há (para os russos) apenas duas soluções possíveis: ou a Rússia destrói o Ocidente, ou o Ocidente destrói a Rússia. No entanto, os habitantes dos países do Ocidente não estão preparados para uma guerra nuclear, ao contrário da maioria dos russos, que vivem pela filosofia de "ou nós, ou ninguém.”

É triste dizer ito, mas após a Segunda Guerra Mundial, o único argumento dissuasivo que impediu Stalin de continuar a "libertação" (ocupação) dos países europeus não foi a diplomacia, mas o ataque nuclear dos americanos às cidades japonesas.

Depois disso, toda a economia da União Soviética se transformou numa fábrica de armas, embora a verdadeira ameaça ao colapso da URSS tenha sido o próprio sistema comunista totalitário, que se autodestruiu ao longo dos anos por razões políticas e económicas.

A Rússia de hoje não é uma continuação da URSS e nem mesmo do império russo pré-revolucionário. É algo muito pior e mais perigoso. É um sistema que criou um mundo inteiro de terrorismo global com diferentes ideologias e religiões. O objetivo principal é o caos e a divisão dos países ocidentais, que têm a capacidade de conter a expansão da Rússia.

No início da invasão em larga escala (2022), nós, ucranianos, ainda tínhamos esperança que houvesse uma parte da população russa disposta a mudanças democráticas e que eles não permitiriam que Putin iniciasse uma nova guerra nacionalista contra todos. Infelizmente, isso não aconteceu. A indecisão do Ocidente e suas tentativas de "apaziguar o urso furioso" levaram à reafirmação da maioria dos russos de que "nós, russos, estamos certos, porque eles nos temem." Ou ainda mais eloquente: "Temos o direito de matar, porque somos russos."

A Ucrânia realmente tornou-se o coração da Europa hoje. A guerra afetou todos os europeus. Emocionalmente, informativamente, politicamente e economicamente. A Ucrânia também se tornou o ponto de partida para o planeamento do futuro da Europa. Mesmo que se construa um grande muro de betão entre a Europa Ocidental e a Rússia (o centro geográfico da Europa está na Ucrânia), isso não resolverá a questão globalmente. Após muitos anos de regimes totalitários, a Rússia aprendeu a influenciar externamente a vida política de outros países. É como células cancerígenas que escolhem uma vítima (um país) e gradualmente a consomem de dentro para fora. Terão os países da UE atualmente imunidade suficiente para combater essa doença? Há grandes dúvidas sobre isso, considerando o debate sobre a Ucrânia dentro da UE. Uma coisa é certa: se o Ocidente aceitar as condições da Rússia, abrirá o caminho para a destruição da UE e, certamente, de muitos Estados na Europa. Os russos sempre encontrarão uma justificação para atacar.

Portanto, para mostrar a nossa unidade de valores dos povos livres e independentes da Europa, como também para homenagear os heróis que morreram ou continuam lutar defendendo a Ucrânia e Europa, convidamos todos a participar nos eventos "Ucrânia – o coração da Europa!" em comemoração do Dia da Independência, que ocorrerão no dia 24 de agosto de 2024 no Porto (Avenida dos Aliados, início às 18h00), em Coimbra (Mercado Municipal, início às 11h00), em Lisboa (Marquês de Pombal, início às 17h00) e em Faro (Ermida Santo António do

Alto, início às 19h30), Madeira as 19 horas, início junto do teleférico no Funchal.

Glória à Ucrania!

Obrigado Portugal!

Presidente da Associação dos ucranianos em Portugal

Pavlo Sadokha