Para Presidente da Assembleia da República Portuguesa

Ao Sr. Presidente da Assembleia da República Portuguesa,
Eduardo Ferro Rodrigues.
Grupo de Associações ucranianos em Portugal.

Exmo.Sr. Presidente da Assembleia da República
Tivemos conhecimento que o Partido Comunista Português apresentou ao parlamento um documento chamado voto de solidariedade nº 560/XIV/2 a “Solidariedade com o povo ucraniano face à escalada agressiva do regime de Kiev”.
Achamos que o Serviço de Informações e Segurança de Portugal deve investigar qual a relação entre o Partido Comunista Português e as repúblicas separatistas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, que não são reconhecidas pela maioria dos estados no mundo, incluindo Portugal. No seu documento os comunistas portugueses referem que o povo ucraniano é somente aquele que vive nas repúblicas de Donetsk e de Lugansk e as outras pessoas que vivem no resto do país não são consideradas povo ucraniano, mas fascistas. Na nossa opinião isso tem de ser classificado como apoio ao separatismo nos estados terceiros.
Mas, da Assembleia da República, nós, ucranianos que vivemos em Portugal e que a maioria de nós já tem nacionalidade portuguesa, exigimos uma resposta clara: como é possível num estado democrático e constitucional, que um partido parlamentar chame publicamente os ucranianos de “fascistas” e de soberano estado da Ucrânia - “o regime da Kyiv”?
Desde os primeiros dias da «Revolução de Dignidade» em Kiev em 2013, a larga comunidade ucraniana em Portugal, fez manifestações em quase todos as cidades do país para apoiar os compatriotas na Ucrânia que protestaram contra o uso da força brutal policial contra jovens ucranianos, que pacificamente demostravam a sua escolha pró-europeia para a Ucrânia. Quando o presidente Yanukovich, apesar das suas declarações, subitamente tentou virar a Ucrânia para nova união com a Rússia que é um país sem direitos humanos e com uma política de agressão contra países vizinhos.
Que exemplo de tolerância mostra o partido parlamentar à sociedade portuguesa condenando os ucranianos ao fascismo? A legislação portuguesa permite fazer isso sem provas?
Não foram os comunistas portugueses que lutaram contra o nazismo na segunda guerra mundial, mas os nossos avós e avôs ucranianos. Perdemos 10 milhões de pessoas nesta guerra. Mas além disso, antes e depois da Segunda guerra mundial foram executados quase 20 milhões dos ucranianos pelo regime comunista da USSR.
Alguma vez o PCP avaliou isso? Ou com este género de “votos de Solidariedade” tenta ajudar esconder os crimes do passado, que em todos países, que pertenciam ao bloco comunista e agora fazem parte da UE, foram condenados como crimes contra humanidade?
Será que os ucranianos em Portugal podem sentir-se seguros depois destas declarações? Será temos de começar a pensar a sair de Portugal? Já que no parlamento nos chamam de fascistas.
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República, nós ucranianos, que vivemos e contribuímos para a cultura e economia portuguesa sentimo-nos descriminados com este “voto de solidariedade” do PCP.
Por isso exigimos respostas rápidas às nossas perguntas e a condenação da política discriminatória e xenofobia do Partido Comunista Português.
Lido e aprovado na concentração da memória das vítimas da Segunda Guerra mundial.
Praça da Comércio, Lisboa, 2021
Associação dos ucranianos em Portugal
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Associação da Juventude Ucraniana em Portugal
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Associação «Pirâmide das palavras»
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Associação Cultural de Solidariedade e Apoio - Coração Bondoso
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Associação dos Ucranianos do Algarve
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Centro educativo e cultural luso-ucraniano «Escola Tarás Shevtchenko»
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Associação «Fonte Mundo»
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Associação dos Ucranianos em Portugal «Sobor»
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Associação «Movimento Cristão dos Ucranianos em Portugal»
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Associação «Êxito das tendências»
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Associação Solidaria Anjos de Misericórdia
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