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Quatro dezenas de ucranianos manifestaram-se hoje em Lisboa em solidariedade com os protestos que se realizam há quatro dias consecutivos na Ucrânia para exigir ao governo a assinatura do acordo de associação com a União Europeia.
O governo ucraniano anunciou há uma semana a suspensão dos preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a UE, primeiro passo para uma futura adesão, e o reforço das negociações com a Rússia para vir a integrar uma união aduaneira com outras ex-repúblicas soviéticas.
Membros da segunda maior comunidade de imigrantes em Portugal, os ucranianos manifestaram-se em frente da embaixada da Ucrânia, em Lisboa, com bandeiras do seu país e da União Europeia.
Nos cartazes que exibiam liam-se mensagens para o presidente ucraniano como "Ianukovitch não vires as costas ao povo ucraniano", "Somos europeus", "Ianukovitch não destruas o nosso futuro" ou "O povo ucraniano escolheu a União Europeia".
"Antes de tudo estamos cá para apoiar a maioria do povo ucraniano, que está nas principais praças das principais cidades ucranianas, dia e noite, para dizer ao presidente (Viktor) Ianukovitch para assinar o acordo", disse à Lusa Pavlo Sadokha, presidente de uma das associações de ucranianos em Portugal.
"Vivemos há mais de 12 anos num país europeu, num país onde a lei e a Constituição estão acima de tudo, e também queremos dar a mensagem ao presidente Ianukovitch de que apoiamos a decisão do povo ucraniano de entrar na UE", acrescentou.
Pavlo Sadokha diz não conseguir prever se os protestos vão levar Ianukovitch a ceder e a assinar o acordo na Cimeira a decorrer em Vilnius -- porque "ele já mostrou que é imprevisível" -, mas se não assinar, assegura, os protestos vão continuar, apesar de já haver "uma pressão muito forte" e "uma ameaça" aos manifestantes.
"Se o presidente não assinar, nós não vamos parar. Há pouco tempo falei com pessoas que estão na Praça da Independência, em Kiev, e eles dizem que vão continuar, mas já com outras exigências, como a impugnação do presidente e a saída do governo", disse.
Aline Hall de Beuvink, filha de mãe ucraniana e pai português, também defendeu que a aproximação da Ucrânia à UE "ajuda a democratizar" o país e disse ter sido para ela "uma grande surpresa" a decisão de "virar costas ao acordo e à UE" e "caminhar para um bloco que é quase como uma nova cortina de ferro".
Aline, que é membro do Partido Popular Monárquico e foi deputada à assembleia municipal de Lisboa na passada legislatura, sublinha que esta decisão não pode ser separada do caso da ex-primeira-ministra Iulia Timochenko, na prisão, e cuja libertação foi exigida pela UE para avançar nas negociações com a Ucrânia.
"Acho que é um escândalo virar as costas à Europa e juntar-se à Rússia, ignorando completamente o estado de Timochenko, que teve um julgamento muito suspeito, é uma presa política e está em condições de saúde precárias, e portanto acho que isto é um atentado aos direitos humanos".
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