Ucranianos em Portugal vão fazer "ultimato" à embaixada na quinta-feira

Створено: 22 січня 2014 Дата публікації Перегляди: 9959
“As pessoas na Ucrânia já perceberam que hoje é possível começar uma guerra”, disse o líder da comunidade ucraniana citando conversas diárias com a família e amigos residentes no país de origem

O presidente da Associação de Ucranianos em Portugal anunciou hoje que a comunidade vai reunir-se na quinta-feira em frente da embaixada da Ucrânia para exigir aos diplomatas “que defendam o povo” e quer ajuda das autoridades portuguesas.

“Amanhã [na quinta-feira] vamos fazer um protesto em frente da embaixada da Ucrânia, às 19:00, onde vamos dizer aos diplomatas ucranianos que estão cá [em Portugal] que ou eles escolhem e defendem o povo ou nós condenamo-los por apoiarem os crimes do regime do [Presidente da Ucrânia, Viktor] Yanukovich”, disse à Lusa o presidente da associação.

Paulo Sadokha, que representa a comunidade ucraniana em Portugal de mais de sete mil membros, defendeu que o embaixador da Ucrânia assuma, perante as autoridades portuguesas, a existência de “crimes contra o povo ucraniano” levados a cabo pelo Governo de Viktor Yanukovich.

“Sabemos que o embaixador da Ucrânia continua a encontrar-se com políticos e [representantes da] sociedade portuguesa e a mentir sobre o que está a acontecer na Ucrânia e achamos que ele, como diplomata, como ucraniano, tem que escolher”, afirmou.

O presidente da Associação de Ucranianos adiantou ainda ter já falado com os líderes da comunidade em Portugal e decidido enviar até quinta-feira “um pedido ao parlamento, aos partidos políticos e ao Governo português” para que “a União Europeia ajude na luta na Ucrânia”.

Esta ajuda, segundo Paulo Sadokha, tornou-se hoje mais necessária, depois de os confrontos entre manifestantes pró e contra o Governo terem provocado pelo menos dois mortos.

“As pessoas na Ucrânia já perceberam que hoje é possível começar uma guerra”, disse o líder da comunidade ucraniana citando conversas diárias com a família e amigos residentes no país de origem.

Os confrontos de hoje – que as agências internacionais dizem terem provocado dois mortos e um ferido grave, mas que o presidente da Associação de Ucranianos garante serem quatro mortos – surgiu em resultado do aumento de confrontos após a polícia de Kiev ter removido barricadas construídas pelos manifestantes.

Os manifestantes responderam lançando petardos e ‘cocktails molotov’, tendo incendiados automóveis e autocarros, enquanto gritavam "assassinos" e "glória para a Ucrânia".

A polícia considerou, entretanto, ter sido cometida uma "grave violação da lei", já que o Governo aprovou na sexta-feira o agravamento de sanções contra manifestantes.

Os protestos na Ucrânia já se arrastam há dois meses, após o Presidente ucraniano ter recusado assinar um acordo de associação com a União Europeia, preferindo uma aproximação a Moscovo.

“Neste momento, o sentimento geral [da população] é que o regime de Yanukovich passou o ponto de compromisso, agora as pessoas já estão muito radicalizadas”, disse Sadokha.

“Há dois meses, as pessoas demonstraram que queriam uma mudança pacífica, estiveram ao frio dia e noite para mostrar ao mundo e ao Governo que queriam uma mudança pacífica para a democracia”, mas o regime “respondeu com a força e já há vários mortos, além de muitas informações de pessoas que são levadas”, contou.

Por isso, admitiu o presidente da Associação de Ucranianos, “ainda não se sabe o número concreto de mortos e desaparecidos”.

Segundo Paulo Sadokha, muitos ucranianos acreditam que os confrontos dos últimos meses foram provocados pela Rússia, “porque percebeu que já não consegue controlar a Ucrânia ou juntá-la à Rússia como fez com a Bielorrússia e quer começar uma guerra civil para dividir a Ucrânia em dois países”.

A situação, para o representante da comunidade ucraniana em Portugal, não vai acalmar sem intervenção externa.

“Não acho que o Governo vá recuar porque já não têm nada a perder. As pessoas já não suportam um Governo que tornou a Ucrânia num dos países mais corruptos do mundo”, defendendo que a União Europeia “defenda o povo com força militar”.

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