Carta aberta ao Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas Senhor Eng.º António Guterres  

Створено: 02 січня 2023 Дата публікації Перегляди: 2351

imageSua Excelência o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas
Senhor Eng.º António Guterres

 

A Associação dos Ucranianos em Portugal tem o privilégio de endereçar a presente carta em Língua Portuguesa pois Portugal tem sido o porto de abrigo de milhares de ucranianos desde o início da invasão russa de larga escala pois sempre confiámos que Portugal é um país que sabe acolher e ajudar quem precisa e, por isso, agradecemos publicamente a todos os Portugueses e todos os povos que estão do lado dos ucranianos.
Há muitos anos que sabíamos e aguardávamos que um dia a Rússia pudesse atacar a Ucrânia, sabíamos disso quando Rússia iniciou conflito na Transnístria, quando a Rússia ataca a Chechénia, quando a Rússia inicia a guerra contra Geórgia e quando bombardeou cidades na Síria, quando andaram perdidos por África com passagens desastrosas por países africanos e alguns de Língua Portuguesa. Sabíamos que a Rússia estava determinada na sua expansão territorial e geopolítica no mundo.
Esta história é tão antiga tal como há séculos que a Rússia não aceita os ucranianos como povo com uma própria identidade, história e cultura tal como nunca houve na literatura russa o reconhecimento da Ucrânia como país, Estado soberano, livre, independente e autodeterminado pois a nossa forte cultura ucraniana que é parte da europeia, iluminada pela ideia da uma Ucrânia independente e livre tornámo-nos numa barreira intransponível para o centro do poder e echelon das elites russas por chocar com as constantes ambições de expansão imperial moscovita recordando a frase do subordinado de Putin, Medvedev‎ em que um dia afirmou "A Rússia de Vladivostok até Lisboa".
A Guerra de hoje, que decorre nas cidades e aldeias ucranianas, não é nem nunca foi entre a Rússia e a Ucrânia é uma guerra entre a barbárie soçobrada do totalitarismo soviético e a civilização do mundo livre, em que não há lugar a compromissos tal como no século passado com a Europa ocupada onde não se podia ceder aos planos do poder Nacional-Socialista alemão (NAZI).
Os ucranianos sejam na Ucrânia ou no estrangeiro, incluindo em Portugal, entraram no novo ano de 2023 com único desejo o de ganhar a guerra com a expulsão de todas as forças invasoras de todo o território nacional remontando às fronteiras de 1991, zelando pela absoluta integridade de todo o território da Ucrânia com o colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Enquanto livres ucranianos, defensores da democracia e do mundo livre nunca nos renderemos, defenderemos o nosso país nos campos, nos rios, nas praias ou nas montanhas, faremos tudo o que for necessário mas nunca nos renderemos nem faremos qualquer tipo de cedências nesta agressão russa ao nosso território. Qualquer cedência do nosso território à Rússia, não terminará o sofrimento dos ucranianos, bem pelo contrário, só prolongará o poder de certa elite russa no poder que sonha com o restauro da velha glória imperial russa, do império russo, que urge anexar e dividir de novo a Europa.
Nós os ucranianos, conhecendo bem e de perto, da pior forma, a realidade na sociedade russa, e caso Putin alcance os seus objectivos, maiores ou menores, não esperamos qualquer misericórdia russa sobre o nosso destino enquanto povo nos seus três tempos de passado, presente e futuro, e muito menos se dedique a contribuir para o nosso bem-comum e liberdade.
Vladimir Putin tem usado o sistema da ONU para palco e tribuna da sua própria propaganda, quando todos testemunharam a quebra de todos os acordos que garantiam a paz.
Sua Excelência o Secretário-Geral da ONU tem todos argumentos jurídicos em seu poder para fazer recordar oficialmente que a Rússia formalmente não faz parte do Conselho de Segurança da ONU com a queda da URSS sendo que será hora de assim excluir a Rússia deste órgão que procura estabelecer a paz entre povos. É hora.
Estamos convencidos que o isolamento da Rússia das instituições internacionais irá certamente ajudar o próprio povo russo a perceber que escolha da guerra de agressão é uma escolha errada para eles.
Para terminar gostaríamos de recordar a Vossa Excelência das palavras de Sua Santidade o Papa João Paulo II cuja coragem e seu espírito de incansável lutador pela paz entre os povos ajudou à queda do Muro do Berlim com a singela frase “não tenhais medo”.
Assim seja, é algo que os ucranianos já perceberam que falta ainda levar estas sérias palavras para o mundo, alcançando a todos os que na prática querem verdadeiramente a paz.

Presidente da Associação dos ucranianos em Portugal,
Pavlo Sadokha

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