Conferência Episcopal Portuguesa

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789D. José Ornelas Carvalho
Bispo de Leiria-Fátima
Presidente

Em primeiro lugar, queremos agradecer todo o apoio que a Igreja Católica em Portugal deu e continua a dar ao povo ucraniano, desde os primeiros dias da invasão militar russa sobre a soberana Ucrânia.
Em Portugal, no dia a dia, sentimos o acompanhamento e a preocupação da igreja com o nosso sofrimento causado pela guerra.
Esta guerra teve anos e anos de preparação por parte do agressor - Federação Russa- incluindo a preparação ideológica.
O atual governo russo não reconhece a Ucrânia como país independente, não reconhece a nossa história, a nossa cultura e a nossa Fé.
Um importante elemento da preparação ideológica foi a Igreja Ortodoxa Russa (IOR) dirigida pelo Patriarca Cirilo, ao abençoar os soldados russos que iam invadir a Ucrânia.
Infelizmente, na própria Ucrânia, ainda existe *filia* da igreja russa (foi a única que não foi proibida pelo regime soviético) embora com nome diferente, mas com o mesmo Patriarcado de Moscovo - a Igreja Ortodoxa da Ucrânia (IOUPM) - oficialmente criada em 1990 (um ano antes da declaração da Independência da Ucrânia).
Esta igreja (IOUPM), embora com referência no nome à Ucrânia e registada na autoridade jurídica ucraniana, tem segundo os estatutos total obediência a Moscovo e é parte integrante da Igreja Ortodoxa Russa (IOR).
Atualmente, existe uma *decisão do Parlamento* da Ucrânia sobre o reconhecimento da Igreja Ortodoxa da Ucrânia do Patriarcado de Moscovo (IOUPM), como uma confissão religiosa de minorias, **e cuja base está no país do agressor* a Federação Russa - onde os padres desta igreja estão sujeitos às restrições de guerra pela lei marcial, que estabelece a proibição de os clérigos da IOUPM exercerem as suas funções de capelão nas Forças Armadas Ucranianas e em outros órgãos sociais e políticos onde a lei marcial tem aplicação.
Na atual situação o Serviço de Segurança Interna da Ucrânia (SBU) iniciou 33 processos criminais que decorrem contra sacerdotes e bispos da IOUPM. Um Bispo - Ioanafan Yeletskii foi detido. Nos territórios ocupados pelos russos, todos os clérigos da IOUPM cooperam com os invasores. Dois bispos desta igreja já fugiram dos territórios libertados pelas tropas ucranianas, para a Federação Russa.
Temos a informação de que a missão dos bispos da IOUPM que visitaram alguns países da União Europeia (UE), incluindo Metropolita Meletiy, estão a realizar propaganda “híbrida” entre refugiados ucranianos, para obter informações sobre os países da NATO (OTAN) e sobre outros assuntos do interesse da Federação Russa.
Como confirmação desta informação, podemos ter o facto de que no encontro com o Arcebispo de Braga, o Metropolita Meletiy foi acompanhado pelo padre da Igreja Ortodoxa Russa que exerce a sua função religiosa na diocese do Porto - Vladimir Piskunov - e que também faz parte do conselho dos compatriotas russos junto da embaixada Russa em Portugal.
Quem é o Metropolita Meletiy Egorenko da IOUPM, que estava em Portugal?
Meletiy Egorenko (ME) é um hierarca do Patriarcado de Moscovo com sede na cidade ucraniana de Chernivtsi. A Ortodoxia Ecumênica NÃO RECONHECE o seu status no território da Ucrânia porque Meletiy Egorenko é um impostor na hierarquia da Igreja Ortodoxa.
Meletiy Egorenko acabou a sua formação no Seminário Teológico de Moscovo em 1986 e, como cidadão da Ucrânia, formou-se na Academia Teológica de Moscovo em 1996. Com
conhecimento e controlo da KGB da URSS, em 1987 e sendo de nacionalidade ucraniana, foi enviado ao mosteiro de Pochaiv, no oeste da Ucrânia, para impedir a propagação do movimento autocéfalo e trabalhar no interesse dos serviços secretos russos.
Durante o tempo do presidente Yanukovych, Meletiy Egorenko foi especialmente reconhecido pela disseminação da "paz russa" na Ucrânia e recebeu a medalha da Ordem de Serhiy de Radonezh do movimento Kirill Gundyaev.
Neste momento, Meletiy Egorenko, é responsável pelo departamento das relações externas IOUPM na Ucrânia. Com o aproveitamento da guerra e com a situação onde muitos ucranianos foram obrigados a tornar-se refugiados na União Europeia, o ME começou a recolher/aproveitar a informação e estatísticas sobre os refugiados, no sentido de saber como são recebidos e como se integram nos países de acolhimento.
Esta informação serve para o Patriarcado de Moscovo continuar a fazer guerra “hibrida” e isso podemos constatar pelo facto de que a IOUPM, seja na Ucrânia, seja na Rússia, nunca ter condenado, nem em 2014, nem em 2022, a invasão russa contra a Ucrânia e até a caraterizam como uma “guerra santa” contra a desmoralização dos valores humanos oriundos da Europa.
Toda a comunidade ucraniana sabe, que Metropolita Meletiy nunca condenou a invasão da Federação Russa na Ucrânia.
Entendemos, que a receção dos bispos da IOUPM por diversos católicos em Portugal foi um ato de “acolhimento de braços abertos” cujo objetivo é ajudar e minimizar o sofrimento do povo ucraniano, mas temos a obrigação moral e a responsabilidade civil de informar a Conferência Episcopal em Portugal e a sociedade portuguesa de que, infelizmente, a palavra “Ucraniano” não significa, automaticamente, uma relação pro-Ucrânia e que ,de forma frequente, está a ser usada por programas especiais do governo russo para disfarçar os objetivos da sua invasão contra a Ucrânia.Tal como a Igreja Cristã e o Cristianismo defendem a vida, os valores humanos, a igualdade e a liberdade, infelizmente, a Igreja Ortodoxa Russa defende da mesma maneira a ditadura, a condenação e a morte.
Nós, como ucranianos e cristãos integrados e também já fazemos parte da comunidade portuguesa, temos a obrigação de informar e alertar sobre esta grave situação de que o governo de Moscovo através da Igreja Ortodoxa Russa tenta “ludibriar” a verdade sobre esta guerra tão injusta.

Com os melhores cumprimentos,
Presidente dos ucranianos em Portugal,
Pavlo Sadokha

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