Comunidade ucraniana em Portugal receia que Rússia inicie confronto militar

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A comunidade ucraniana em Portugal receia que a Rússia inicie um confronto militar com a Ucrânia e que não dê ouvidos à comunidade internacional, que defende a preservação da integridade do território ucraniano.

"Estamos com medo (...). O (presidente russo Vladimir) Putin é imprevisível e pode levar este cenário mesmo até um confronto militar, a uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Isso preocupa-nos muito", declarou hoje aos jornalistas Pavlo Sadokha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal.

A tensão entre a Ucrânia e a Rússia agravou-se na última semana, após a queda do ex-presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, e a câmara alta do parlamento russo aprovou no sábado, por unanimidade, um pedido do presidente Vladimir Putin para autorizar "o recurso às forças armadas russas no território da Ucrânia".

"Aquele cenário de que os russos étnicos sofreram algum perigo, perseguições dos nacionalistas, da extrema-direita na Ucrânia, não tem nenhuma confirmação, nem as bases militares da Rússia foram atacadas, não houve nenhum confronto", disse Sadokha, que considerou a justificação russa para aprovar o envio de tropas para o país vizinho "apenas uma desculpa e uma desculpa muito mal feita pelo Putin".

O responsável da comunidade ucraniana em Portugal salientou que o presidente russo "já quebrou acordos, por exemplo o acordo de 1994, o acordo de Budapeste, quando a Ucrânia deixou as armas nucleares".

Pavlo Sadokha referia-se ao Memorando de Budapeste, através do qual os Estados Unidos, o Reino Unido e a Rússia se comprometem a garantir a segurança, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, como contrapartida pela decisão de Kiev de abdicar das armas nucleares que permaneceram no país após o desmantelamento da URSS.

Declarando esperar que não haja uma guerra, Sadokha congratulou-se pelo facto da comunidade internacional já ter "começado a ajudar" a evitá-la, por exemplo através de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU realizada no sábado.

"Isso já é um grande passo, mas temos medo que o Putin não vá ouvir agora o mundo e queira mesmo começar um cenário de guerra. Aí esperamos que o (...) ocidente vá ajudar também a Ucrânia militarmente a defender o seu território nacional", disse ainda o responsável, que falava aos jornalistas antes de uma reunião de membros da comunidade para analisar a situação no seu país.

Os cerca de cem ucranianos que participaram na reunião decidiram manifestar-se na segunda-feira ao início da tarde junto da embaixada do Reino Unido em Lisboa para pedir o apoio britânico à Ucrânia e, mais tarde, perto da embaixada da Rússia, em protesto contra "a agressão russa", disse Sadokha à agência Lusa.

Também para pedir o apoio de Portugal à Ucrânia, a comunidade tem prevista uma manifestação junto ao Palácio de Belém na quarta-feira ao final da tarde.

Na reunião foi ainda decidido enviar uma carta ao ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano para que chame o embaixador ucraniano em Lisboa e o cônsul no Porto e os substitua. A comunidade ucraniana em Portugal considera que "eles não apoiaram o povo" e, ao invés, apoiaram o regime do ex-presidente Viktor Ianukovich, explicou o presidente da Associação.

Os participantes na reunião decidiram, ainda, escrever uma carta ao primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, para que a comunidade possa ter representação própria no Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI).

"A comunidade ucraniana é a segunda maior em Portugal e é representada por uma senhora russa", lamentou Pavlo Sakhova.

www.dnoticias.pt

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