Limpeza étnica dos ucranianos na Polónia comunista

Категорія: Українська громада у світі
Створено: 27 квітня 2018 Дата публікації Перегляди: 3980

48No dia 28 de abril a Ucrânia recorda a Operação Vístula (Akcja Wisła), ato de limpeza étnica perpetuado pelo estado comunista polaco contra a população civil ucraniana que após o fim da II G.M., vivia nos territórios etnicamente ucranianos da República Popular da Polónia.

por: Bohdan Havryluk *

A meta principal da operação era a deportação da população ucraniana, polonização forçada dos ucranianos e apenas mais tarde a eliminação da resistência do movimento guerrilheiro ucraniano. A deportação forçada da população ucraniana e das famílias mistas era feita de um modo brutal, acompanhada por diversos assassinatos. Os deportados eram levados para oeste e norte do país, rompendo (de modo consciente), as ligações paroquiais, de vizinhança e até familiares. Além disso, foram liquidadas todas as formas da vida nacional ucraniana, que ainda existiam.

[…]
Até 1947 os ucranianos do sub – grupo étnico Lemkos viviam de forma compacta no seu território habitual no sudeste da Polónia. No fim da operação eles foram deportados para o território da onde nas vésperas a Polónia socialista expulsou as populações alemãs.

[…]
O Comité Polaco de Libertação Nacional (PKWN), uma organização pró – soviética de inspiração estalinista, concordou com a oferta de Estaline, sobre a fronteira polaco – soviética, baseada na linha traçada pelo Lorde Curzon. Polónia recebeu um território semelhante à Eslováquia atual, onde viviam cerca de 700 mil ucranianos, por vezes este território é chamado na Ucrânia de Zakerzonnia. Os comunistas polacos também declararam que pretendiam ver a nova Polónia como um país mono nacional (na 2ª República polaca as minorias étnicas perfaziam cerca de 1/3 de população), ideia que agradava Estaline.

Por isso, já em setembro de 1944, o Comité Polaco de Libertação Nacional assinou os acordos com Ucrânia, Belarus e Lituânia soviéticos, sobre a “troca” de populações, que permitia transformar as fronteiras políticas em fronteiras etnográficas. Nesta base, entre outubro de 1944 e agosto de 1946 cerca de 482 mil ucranianos foram repatriadas da Polónia para Ucrânia e cerca de 788 mil polacos saíram da Ucrânia para a Polónia.

Apenas nos primeiros meses da ação, oficialmente chamada de “repatriação”, a parte polaca seguia, mais ou menos, o princípio de voluntariedade. Mas já no verão de 1945, ao pedido da URSS, começou a deportação forçada, apoiada pelas três divisões militares.

O terror comunista anti – ucraniano, organizado pelo novo poder polaco, era secundado pelas formações da guerrilha anti – comunista e os bandos criminais polacos. Um dos exemplos deste terror é o extermínio de 366 ucranianos, residentes na aldeia de Pawlokoma, perpetuado em março de 1945 pala unidade da Armia Krajowa.

No outono de 1946, no território polaco deveriam continuar a viver cerca de 20 mil ucranianos. O que originou o plano estatal de deportação forçada dos ucranianos para os territórios que até 1939 pertenciam a Alemanha (na linguagem polaca da época essa zona era chamada de “territórios Reunificados”). Um dos promotores desta filosofia era o general Stefan Mossor, o vice – chefe do Estado – Maior general do exército polaco. No memorando endereçado ao Ministro da Defesa e ao chefe do KGB polaco, Mossor argumenta que os ucranianos a viver na Polónia representam o “perigo de sublevação no futuro”. E como já não havia a possibilidade de os deportar para a URSS, general propunha “organizar uma ação enérgica de deportação destas pessoas aos núcleos familiares e separa-los nos territórios Reunificados, onde (estes) rapidamente se irão assimilar”.

Já que uma operação destas exigia o aval da liderança política, na reunião da cúpula do KGB polaco foi decidido que a questão seria levada à apreciação do Comité Central do Partido dos Trabalhadores da Polónia (PPR). Coincidência organizada ou não, mas já no dia seguinte, em 28 de março, morreu o Ministro da Defesa da Polónia, general Karol Swierczewski. A sua morte foi atribuída aos guerrilheiros do Exército Insurgente Ucraniano (UPA). A sua morte ditou a decisão da Polónia de deportar os ucranianos.

“Inserido na ação repressiva contra a população ucraniana, – está escrito no protocolo do Bureão Político da Comité Central do PPR, – foi decidido: 1. Rapidamente deportar os ucranianos e os membros das famílias mistas para os territórios Reunificados (primeiramente para a Prússia do Norte), sem formar os grupos compactos e não menos que 100 km da fronteira”.

Em breve, a deportação foi justificada pela necessidade de eliminar a guerrilha do UPA, ativa no território. Na realidade, na primavera de 1947, UPA contava apenas com cerca de 1500 combatentes, que desde a deportação dos ucranianos para Ucrânia, não organizava as ações de vulto contra exército e KGB polacos. Além disso, as deportações abrangiam mesmo os territórios onde UPA não possuía unidades militares ou as estruturas da clandestinidade.

Eram deportados ucranianos – membros do partido comunista e até os ativistas da luta contra guerrilha ucraniana, colaboradores e funcionários do KGB, polícia e organização paramilitar ORMO.

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Operação Vístula (Akcja Wisła)

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No dia 16 de abril de 1947, surgiu o “Projeto da organização conjunta especial «Leste»”, assinado pelos ministros da Defesa e da Segurança, que tinha como a sua meta: “Resolver definitivamente a questão ucraniana na Polónia”. O projeto recebeu o nome de código Vístula (Wisła), foi criado o grupo operacional “Wisła” que dispunha de 17,5 mil soldados, comandados pelo general Mossor.

Operação Vístula começou no dia 28 de abril de 1947. Na madrugada, o exército polaco cercava as aldeias ucranianas, os seus moradores geralmente recebiam 2 horas (por vezes menos), para se preparar para a saída. Cada família tinha o direito de levar apenas uma caroça com os seus bens, por vezes a coroça era partilhada por 2-3 famílias, outros levavam os seus bens nas costas.

Nas zonas de Sanok e Przemysl, onde OUN – UPA realmente possuía as estruturas de resistência organizadas, as deportações tinham o carácter mais brutal, seguido de queima das casas, maltratos das famílias dos resistentes ucranianos, detenções em massa. Os deportados eram levados para os centros de deportação, onde permaneciam durante vários dias, ao céu aberto, debaixo da chuva e do frio. Aqui era feita a seleção inicial, durante a qual os deportados eram levados ao transporte que os levava ao local de uma nova residência.

Oficialmente, a Operação Vístula durou três meses, até o dia 28 de junho de 1947 (alguns deportações sob o código Vístula duraram nos meses seguintes e aconteciam mesmo em 1950), o exército polaco calcula que foram deportados 140,5 mil ucranianos.

Os deportados considerados pertencentes à clandestinidade ucraniana, assim como aqueles que tentavam voltar para as suas casas, eram colocados no Campo de Concentração de Jaworzno, assim o poder comunista polaco usou um dos filiais do Auschwitz nazi. Este campo de concentração existiu até o janeiro de 1949, por lá passaram 3,9 mil pessoas, entre eles cerca de 800 mulheres e cerca de 27 padres. Por causa das más condições da vida e maus tratos físicos, entre 160 à 200 pessoas morreram e foram sepultados em valas comuns (em 1998 os presidentes da Polónia e da Ucrânia inauguraram no local o monumento para recordar os ucranianos mortos naquele campo).

Nos locais da sua nova residência os ucranianos recebiam as casas alemães já degradadas e pilhadas, pois as melhores residências eram ocupadas pelos polacos retornados dos territórios da URSS.

Já que as autoridades polacas não eram preparadas para receber o número dos ucranianos que foram deportados, por vezes, oficialmente chamados de “moradores «W»”, os ucranianos conseguiam criar os assentamentos bastante compactos, embora isso contradizia a ordem do poder central que ordenava não ultrapassar a percentagem dos ucranianos superior aos 10% sobre a população total de cada distrito.

Na instrução secreta destinada à administração local, datada de 1947 se dizia: “A meta principal da deportação dos moradores «W» é a sua assimilação no novo habitat polaco, devem ser despendidos todos os esforços para alcançar disso. Não usar o termo “ucraniano” em relação aos estes deportados. No caso em que entre os moradores nos territórios reunificados aparecer o elemento intelectual, este deve sem duvida, ser assentado longe das comunidades camponesas, onde vivem os deportados da ação «Vístula»”.

Uma prática semelhante era seguida já na 2ª república polaca, quando a administração escolar não permitia empregar os professores ucranianos nas escolas da Galiza Ucraniana ou Volyn, propondo lhes a possibilidade de fazer a sua carreira profissional na Polónia Central.

As atas jurídicas, adotadas em 1949, legalizavam a perda, por parte dos ucranianos, de todos os seus bens móveis e imóveis, deixadas durante a deportação. O estado polaco nacionalizava todos os bens das organizações ucranianas e da Igreja Grego – Católica Ucraniana (por exemplo, a Casa Popular em Przemysl, cuja devolução a comunidade ucraniana continua a reclamar).

A liderança do grupo operacional Vístula avaliou em abril – maio de 1947 as perdas do UPA na ordem de 1300 militantes, entre mortos em combate, capturados e condenados à pena capital e aos termos prisionais. A maioria dos historiadores considera estes números exagerados, através da inclusão na lista dos civis detidos e julgados sob acusação de colaboração com a clandestinidade ucraniana.

O comandante da circunscrição militar do UPA, “Syan”, coronel Myroslav Onyshkevych (“Orest”), avaliava o número das suas forças em cerca de 1400 combatentes. Após a deportação quase total dos ucranianos, na situação em que já não havia as populações ucranianas a defender, entre setembro e outubro de 1947, o coronel Onyshkevych emitiu a ordem de dissolução das unidades da guerrilha e libertou os combatentes do seu juramento militar.

[…]
Lançada no momento da preparação da Operação Vístula, a paradigma da propaganda anti – ucraniana não parou até 1989, produzindo um retrato injusto dos ucranianos e a atmosfera de inimizade contra eles, na qual as vítimas desta operação deveriam construir a sua vida e criar os filhos fora da sua região natal.

Embora em 1990 a Ação Vístula foi condenada pelo Senado polaco e em 1997 pelo presidente Aleksander Kwasniewski, mesmo nos dias de hoje não existe na sociedade polaca a atmosfera favorável à uma correção mínima dos males infringidos aos ucranianos.

* Poeta, prosaico, historiador, editor-em-chefe da revista da União dos Ucranianos de Podlachia “Nad Buhom i Narwoju” (Polónia)

Fonte:
http://www.istpravda.com.ua/articles/2011/02/19/25892

ucrania-mozambique.blogspot.pt

 

 

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