- Закон України № 376-V про Голодомор 1932-33 рр.
- Офіційне визнання міжнародною спільнотою
- Суд над організаторами Голодомору-Геноциду
Статут Культурно-освітнього центру «Дивосвіт» при Спілці українців у Португалії
Увага!
- Українсько-португальська угода про соціальне забезпечення
- До уваги всіх, хто оновлює або отримує водійські посвідчення в Португалії
- У відпустку в Україну власним автотранспортом до 60 днів
- «Шлях Перемоги» - громадсько-політичний тижневик
Tal como Holocausto e Genocídio arménio mudaram as respetivas nações, o Holodomor moldou e tipificou para sempre o arquétipo da nação ucraniana.
Holodomor bruscamente mudou as normas incorporadas da ética social. Primeiramente disseminou-se o clima de delação, apoiado e fomentado pelo poder Estatal. O que antes era vergonhoso, foi apresentado como um ato da consciência social. Os delatores eram pagos, quem mostrava onde o vizinho escondia o trigo recebia 10-15% do achado como prémio. Os quem não tinham nada para comer, quebravam o tabu e denunciavam o vizinho. Isso desmoralizou tanto os camponeses, que no inverno de 1933 o simples facto de ter algum alimento em casa era visto como sinal de prémio pela delação.
Nas aldeias se enraizou a desconfiança e inimizade. Parecia que o mundo ficou de avesso: um delatava para sobreviver, outro para ajustar as contas. Atmosfera tornou-se tão carregada, que os camponeses ficavam com medo do poder Estatal e dos vizinhos, tentando antecipar-se na denúncia. Um camponês da província de Kyiv contou que abateu o vitelo e entregou metade ao vizinho para não ser denunciado. O vizinho aceitou, mas na mesma tarde foi denunciar o caso.
A escola usava as crianças para delatar os seus próprios pais. Os professores formulavam as perguntas disseminados nos testes para saber se alguém tinha trigo escondido. Perguntavam aos alunos se as suas famílias têm algo para comer ou como os seus pais conseguiam os alimentos. Os professores recebiam 10% dos alimentos achados na base da denúncia. Praticava-se a seguinte forma de delação: após as férias, os alunos deveriam escrever uma redação “Como os meus pais celebraram o feriado kulakiano/kurkuliano” (o Natal e a Páscoa eram considerados “invenções dos popes” e eram proibidos).
Mudanças na cultura alimentar dos ucranianos
Antes do Holodomor não era possível comer a carne dos cavalos, rás, cegonhas, pombos, corvos. Comer as cegonhas era visto quase como sacrilégio, pois a lenda dizia que eles traziam as crianças. No fim de 1932 já não fazia a diferença o que comer. Não havia pequeno-almoço, almoço ou jantar, desapareceram alimentos tradicionais dos casamentos ou enterros. Embora até as últimas as pessoas se agarravam às tradições ucranianas. Uma mulher conta que a sua mãe guardou dois ovos para os pintar na Pascoa, preparou um pequeno pão pascoal para celebrar a festa de Ressureição. Os ucranianos acreditavam que iriam sobreviver até o ano seguinte se conseguissem comer a tradicional ementa pascoal.
Comiam coisas não comestíveis: faziam a farinha dos ossos e peles de animais, comiam as solas dos sapatos. Moíam a palha, misturavam a com restos de milho-miúdo e trigo-mouro, cascas das árvores, cascas de batata e disso coziam o “pão”. Faziam a “sopa” de folhas de beterraba. Preparavam as “panquecas” da comida de porcos, que retiravam do kolkhoz.
Antes da década de 1930, nas aldeias as casas se fechavam. As portas eram afixadas com uma pedra ou vassoura, se os donos não estavam em casa, ninguém entrava. A comunidade era intolerante com o roubo, por mais insignificante que fosse. O ladrão era levado durante um dia inteiro pela aldeia com o produto do seu roubo ao pescoço. Durante Holodomor o roubo deixou de ser visto como pecado, como vergonha. Sem roubar, não irás sobreviver. As mulheres camponesas escondiam nas botas a beterraba ou algum cereal. Com passar dos anos, o roubo no kolkhoz foi encarado como uma compensação pelos dias-horas não pagos.
Holodomor e sua influência na cultura e tradições
Apesar do Holodomor, os casamentos continuavam a celebrar-se, mas sem seguir as tradições. Testemunhas contam que na província de Vinnytsya numa cerimónia de casamento os convidados comiam beterraba com leite. Antes, o casamento era celebrado durante uma semana, a aldeia inteira era convidada para a cerimónia. Antes, o matrimónio era impensável sem o casamento religioso, depois, simplesmente impossível. No arquivo do Instituto de Estudos de Arte, folclore e etnologia da Academia de Ciências da Ucrânia podemos encontrar o folclore da época:
Pararam todos de rezar,
Foram sem os padres se casar,
Sem os padres se morrer,
Padres foram desprezados.
Os casamentos fartos eram dos serviçais do poder. Mas facilmente se transformavam nas bebedeiras com o acompanhamento musical. Quando, após o fim do Holodomor, as tradições matrimoniais foram ressuscitando nas aldeias, vários dos seus elementos se perderam. Uma mulher conta que em 1934 no seu kolkhoz foi organizada a festa do fim da safra. As pessoas já tinham o que comer, mas todos estavam calados à mesa. Finalmente, alguém começou a cantar e as pessoas simplesmente choraram.
As tradições ligadas ao enterro
Tradicionalmente, nas aldeias ucranianas um morto era sepultado no terceiro dia, com a presença do padre e era feita a missa em memória do defunto. Durante Holodomor, os mortos eram atirados numa vala comum ou na melhor das hipóteses eram colocados numa espécie de caixão, se a família ainda tivesse algum homem vivo. As mulheres levavam os seus defuntos em sacos, embrulhados em panos. Colocavam vários mortos na mesma campa, as pessoas não tinham as forças de abrir a campa própria. No inverno de 1933, quando a situação se tornou especialmente terrível, as pessoas eram enterradas na neve. Na primavera do mesmo ano estes corpos foram profanados pelos animais vadios…
Quase todos os kolkhozes criavam o posto de recolhedor de cadáveres. Os mortos eram procurados nos quintais, colocados na carroça e levados até o cemitério. Sepultavam 10-20 pessoas em valas comuns. Os recolhedores recebiam 300-500 gramas de pão por dia, era uma maneira de sobreviver a fome. Por vezes eles despiam os mortos e ficavam com as suas roupas. Existe o testemunho do caso na província de Mykolaiv quando um aluno desenterrou o seu professor para levar o fato dele e trocar pelo pão. Quando todos os moradores de uma aldeia morriam, aldeia era marcada, todas as suas casas passavam pela “limpeza”. Depois aldeia era repovoada com os colonos da Rússia e da Belarus. Eles recebiam alojamento e emprego. Mas as casas, onde morreram as pessoas, emitiam um cheiro específico. Vários recém-chegados fugiam. Eram capturados e devolvidos à força.
Mito de canibalismo
Os arquivos do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) mostram que em toda Ucrânia foram registados cerca de 2.000 casos. Por isso, dizer que durante Holodomor o canibalismo era massificado e usual é absoluta inverdade. Casos de canibalismo e necrofagia, na sua maioria, tinham lugar na primeira metade de 1933 e estavam claramente ligados aos distúrbios psíquicos. As pessoas já não sabiam o que estavam a fazer. Houve casos em que os canibais eram linchados pela população, pois as suas vítimas eram, geralmente, as crianças. Na aldeia de Samhorodok, uma mulher que comeu os filhos foi enforcada. As pessoas percebiam que os culpados estavam totalmente transformados, existia até um ditado: “O nosso vizinho já ficou louco e comeu os seus filhos”.
Em 1933 também houve uma onda dos suicídios, um pecado mortal na ética cristã. Geralmente pessoas se enforcavam. Uma mulher da aldeia de Voskresenske na província de Kyiv não aguentou ver os seus filhos a pedirem-lhe a comida. Um homem na província de Vinnytsya contou que ficou tão fraco, que já não conseguiu rasgar a sua camisa para fazer a corda. Houve casos em que se suicidavam até os ativistas pró-poder, eles não aguentavam o assédio das chefias distritais que os obrigavam a retirar os alimentos dos seus conterrâneos.
Sobre a autora-investigadora:
Desde março de 2016 Olesya Stasyuk (no meio) é a nova Diretora do Museu Nacional
«Memorial das vítimas dos Holodomores da Ucrânia»
Olesya Stasyuk, chefe do Departamento Científico-Organizativo do Centro ucraniano do desenvolvimento da museologia. Formada pela Universidade Pedagógica de Vinnytsya. Em 2007 defendeu a tese “Deformação da cultura tradicional ucraniana no fim dos anos 1920 – início dos anos 1930 do século XX”. Autora da monografia: “Genocídio dos ucranianos: deformação da cultura popular”. Casada, mãe de um filho.
Ler original em ucraniano | russo
Assistir a intervenção do Prefessor Dr. Andrea Graziosi da Universidade de Nápoles: “Estaline e a fome como uma ferramenta para dominar o campesinato ucraniano”:
ucrania-mozambique.blogspot.com
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