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EMBAIXADORA INNA OHNIVETS FALOU AO DIÁRIO DO MINHO DE UM PAÍS COM ESPERANÇA APESAR DAS FERIDAS ATUAIS
A Ucrânia é um país que há décadas deixou de ser desconhecido para o cumum dos portugueses, dado ter acolhido já milhares de ucranianos e de muitos destes estarem inseridos no nosso país. Ontem, a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets falou ao Diário do Minho e deu testemunho de um país que busca a paz, a reconciliação interna e o estreitamento das relações com a União Europeia de forma a conseguir a prosperidade e a estabilização social.
Álvaro Magalhães
A Ucrânia é o país de origem de um “povo pacífico e trabalhador” que Portugal já conhece há décadas, defendeu a embaixadoradaquele país em entrevista concedida ao Diário do Minho, durante a sua visita à cidade de Braga.
Inna Ohnivets recordou que as relações diplomáticas entre Portugal e a Ucrânia completam no próximo ano 25 anos, que são “relações muito boas” e que decorrem sem qualquer problema. Adiplomata sublinhou o facto de Portugal ter acolhido “cerca de 40 mil ucranianos”.
Um povo inserido
Há uns anos em maior número que no presente, a população ucraniana em Portugal sempre foi vista como pessoas de trabalho, algumas muito bem formadas e de boa integração. A convivência originou casamentos entre portugueses e ucranianos dos quais resulta uma geração mista e que consolida a integração social que Inna Ohnivets classifica mesmo de “perfeita”. Isto, segundo a diplomata, também é um favor “muito importante nas relações entre os dois países”.
A representante da Ucrânia em Portugal não duvida que os seus concidadãos a residir em Portugal “são verdadeiramente os embaixadores populares” do seu país. “Eles representam, genuinamente, o povo pacífico e trabalhador, que são duas das principais carateristicas dos ucranianos”, frisou Inna Ohnivets.
Atualmente, a Ucrânia é um país com graves feridas abertas, resultantes do conflito que mantém internamente com os movimentos separatistas pró-russos e com a Rússia que os apoia. “Hoje o quotidiano na Ucrânia é complicado desde que a Rússia ocupou, pela força das armas, território da Ucrânia, a começar pela Crimeia”, afirmou a diplomata. Alias, Inna Ohnivets explica que “a Rússia faz a guerra por intermédio daqueles que a apoiam no leste da Ucrânia e que têm fornecimento de armas e tropas regulares russas”.
Os ucranianos em Portugal têm-se desdobrado em organizar atividades e eventos para conseguirem reunir ajuda diversificada “que enviam para apoiar a população civil e os militares compatriotas na defesa do seu país”, indicou a diplomata.
Para além de recursos materiais, Inna Ohnivets destacou a atividade política dos seus compatriotas em Portugal, concretamente em açoes visíveis que reclamam a libertação de prisioneiros políticos, entre outros como os casos de Nadiya Savchenko, e de Oleg Sentsov.
“Assiste-se a uma prática de triste continuidade de agressões e, há uns dias, um jornalista foi preso”, indicou a diplomata referindo-se a Roman Sushchenko, detido e acusado pela Rússia de espionagem. Inna Ohnivets disse que o jornalista “encontrava-se na prisão sem que os advogados e familiares o pudessem contactar”.
A embaixadora não duvida que, “com esse tipo de atitudes, a Rússia apenas confirma a nível internacional que é um país agressor e que viola, conscientemente, o direito internacional e as obrigações que assumiu”.
No processo de diálogo internacional, Inna Ohnivets recordou os Acordos de Minsk que “não têm funcionado porque a Rússia não esta interessada no seu cumprimento”. E deu como exeplo : “há dias, foram realizados 47 bombardeamentos em que foi usado armamento pesado , que está proibido pelos acordos celebrados”. “Infelizmente, todos os dias perdem a vida muitos ucranianos e, até agora, estimamos que tenham morrido cerca de 13 mil pesoas, na sua maioria civis”, acrescentou a diplomata.
Inna Ohnivets não esconde a importância do não reconhecimento internacional maioritário da ocupação russa da Crimeia e a manutenção de sanções sobre a Rússia por parte da União Europeia (UE), dos EUA, Canadá e Austrália. “É importante que essas sanções se mantenham até que a Rússia cumpra as suas obrigações: que liberte a Crimeia e que deixe de apoiar os separatistas do leste da Ucrânia”, sublinhou a diplomata. Se isso acontecer, a embaixadora atesta que “a Ucrânia está pronta para organizar eleições em todo o território e dar as condições necessárias para o normal funcionamento das regiões do leste”.
O sonho de ser da UE a embaixadora da Ucrânia em Portugal lembrou que “há muito” que o seu país manifestou a intenção de passar a integrar a UE. “É o caminho dificil mas possível e já foi iniciado há muito tempo”, disse Inna Ohnivets.
O processo de aproximação está a atravessar uma situação classificada como de “crítica” já que um referendo na Holanda colocou um sério travão no desenrolar dos acontecimentos, porque a consulta popular foi desfavorávelà manutenção do acordo da UE com a Ucrânia. Ainda que não se trate de uma integração ucraniana na UE, Inna Ohnivets fala de uma “colaboração” importante.
Prtugal saudado por ano de vitórias
A embaixadora da Ucrânia não deixou passar a oportunidade de saudar Portugal pelo “ano de grandes éxitos” que está a viver, concretamente , com a conquista do título europeu de futebol e, agora, com a eleição de António Guterres para secretário -geral da ONU.
No futebol, o pesoal da embaixada ucraniana e suas famílias “acompanharam e apoiaram” a seleção portuguesa, com Inna Ohnivets a acrescentar que todos ficaram “felizes com o sucesso de Portugal, porque para muitos ucranianos Portugal é a segunda pátria”.
A segunda saudação vai para o facto de António Guterres ter sido eleito ecretário -geral da ONU. “Era a melhor e mais forte candidatura ao cargo, apesar das candidaturas do leste europeu e das protagonizadas por mulheres”, declarou Inna Ohnivets, reconhecendo que António Guterres “mostrou as suas qualidades “, pelo que “ a Ucrânia cumprimenta Portugal por essa vitória”.
08 DIÁRIO DO MlNHO / BRAGA / SEXTA-FEIRA / 07.10.16
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