Apelo aos jornalistas portugueses e à comunidade portuguesa em geral!

Категорія: Війна фашистської росії проти України
Створено: 17 березня 2014 Дата публікації Перегляди: 9135

Nós, os representantes da comunidade ucraniana em Portugal estamos extremamente preocupados com os acontecimentos que continuam a ter lugar no nosso país. Agradecemos aos jornalistas e à toda a comunidade portuguesa pelo apoio prestado ao nosso povo neste momento difícil. Ao mesmo tempo, queremos chamar a sua atenção para o facto da existência de alguma informação com falta de fidedignidade e objetividade nos meios de comunicação portugueses, que parecem por vezes ser influenciados pela propaganda russa. Gostaríamos ainda de salientar alguns factos importantes que ajudarão a compreender melhor a situação na Ucrânia.
Sobre a Ucrânia, em geral, e as “manifestações pró-russas." Primeiro de tudo é fundamental perceber que não existe qualquer divisão entre o Leste, Oeste, Sul ou Norte da Ucrânia. Cada região tem características culturais e linguísticas específicas, mas apesar de toda essa diversidade a Ucrânia é um estado unido com território indivisível e inalienável. As posições pró-russas no leste da Ucrânia e da Crimeia na sua grande maioria são fruto da propaganda ativa de caráter separatista.

Também existem evidências de que muitos dos participantes das manifestações pró-russas são cidadãos russos trazidos das regiões da Federação Russa que fazem fronteira com Ucrânia, muitas vezes em diferentes cidades ucranianas aparecem os mesmos "ativistas pró-russos". Existe um caso muito interessante de um destes ativistas, que foi apanhado pelas câmaras dos jornalistas em Riga [capital da Letónia] em 2009 (passava por um cidadão da Letónia de etnia russa) e novamente em 2014 já em Donetsk (onde já era um cidadão ucraniano de etnia russa).

A maioria dos participantes destas manifestações são muito agressivos - eles tiram as bandeiras ucranianas dos edifícios das administrações regionais,

as bandeiras são muitas vezes queimadas pisadas (Sevastopol [Crimeia], ver a partir do min. 2.10: http://www.youtube.com/watch?v=RMkhXXF4ceI; ou Kerch [Crimeia]: http://www.youtube.com/watch?v=Xve2BJe-RcE), fazem saudações típicas dos nazis e queimam os livros ucranianos (nas fotos - “História recente da Ucrânia”: http://voronz.in.ua/recomend/7-1-14-15336 ), atacam os manifestantes que apoiam a integridade da Ucrânia (e.g. em Bahchysarai [Crimeia] mulheres são atacadas pelos ativistas pró-russos enquanto manifestam-se pacificamente segurando alguns cartazes: https://www.youtube.com/watch?v=0jA56THmfic; em Donetsk eles queriam agredir uma mulher só porque ela segurava a bandeira da Ucrânia: https://www.youtube.com/watch?v=b4prDff2dds). Existem mesmo casos de agressão contra pessoas idosas, que se manifestam contra o Putin e a presença das forças armadas russas (pode a partir do segundo 40 deste vídeo ver como um ativista pró-russo agride uma mulher idosa que está a criticar os militares russos por provocarem pânico na Crimeia: https://www.youtube.com/watch?v=7Obuy2QEQBE&app=desktop).
Apesar de agir desta forma totalmente inaceitável os ativistas pró-russos ao mesmo tempo afirmam estarem a manifestar-se contra “os grupos fascistas, nazis e extremistas” que alegadamente foram formados no oeste da Ucrânia e em Kiev (que é uma informação que não corresponde à situação real). Sentimentos deste género são provocados principalmente pela desinformação total levada a cabo pelos canais russos e fontes de informação na Internet que têm popularidade no leste da Ucrânia. O que complica ainda mais a situação é , por exemplo, a proibição de transmissão de todos os canais ucranianos na Crimeia, sendo apenas transmitidos os canais russos “Rossiya 1”, “NTV”, etc..
Sobre o comportamento da Rússia. Federação Russa desencadeou uma agressão aberta contra um estado soberano (Ucrânia) . O Conselho da Federação da Assembleia Federal da Federação da Rússia apoiou unanimemente o apelo do presidente Vladimir Putin que consistiu na introdução das forças armadas russas no território da Ucrânia. Esta atitude foi explicada com base em "violação dos direitos dos russos étnicos e população falante de língua russa”. " No entanto não foi verificada qualquer confirmação deste argumento. Os direitos dos cidadãos ucranianos de étnia russa e falantes de língua russa nunca foram violados , e eles nunca foram sujeitos a qualquer tipo de estrangulação. De acordo com a Constituição da Ucrânia , a língua russa tem um regime de protecção especial na Ucrânia. Nunca existiram quasquer proibições no uso da língua russa, mas sempre existiu uma única língua oficial - Ucraniano!
Portanto, a introdução das tropas militares russas na Crimeia (que faz parte integrante da Ucrânia e não possui a soberania estadual) é completamente ilegítimo e viola as normas do Direito Ucraniano, bem como os princípios e as normas fundamentais (erga omnes) dos principais tratados internacionais (Carta das Nações Unidas e a Declaração dos Princípios do Direito Internacional referente às Relações de Amizade e Cooperação entre os Estados) e o Acordo entre a Ucrânia e a Federação Russa sobre as condições do estacionamento da frota do Mar Negro da Federação Russa no território da Ucrânia. A Rússia pretende anexar uma parte do território soberano, mas do ponto de vista do direito internacional anexação é uma forma de agressão que constitui crime internacional. O Putin declarou a não existência de quaisquer tropas militares russas no território ucraniano, mas existem muitos factos que provam o contrário. Os soldados estão armados com metralhadoras e fuzis (que são exclusivamente utilizados pelas Forças Armadas da Federação Russa) bloqueiam as bases militares ucranianas e exercem controlo sobre o Parlamento da Crimea.

É muito importante notar que o referendo em Crimeia também é ilegal, porque segundo a Constituição da Ucrânia (artigo 73) as questões de alteração do seu território só podem ser decididas através do referendo nacional. O Presidente do Parlamento da Ucrânia através do seu decreto confirmou a nulidade da decisão sobre organização do referendo, o Parlamento da Ucrânia adotou uma decisão sobre a dissolução do Parlamento da Crimeia, o Tribunal Constitucional da Ucrânia declarou o referendo como ilegítimo e a Procuradoria-Geral iniciou o processo criminal contra as pessoas envolvidas no golpe anticonstitucional na Crimeia. Se este referendo será organizado contrariando a legislação existente – os resultados do mesmo não serão reconhecidos por qualquer Estado democrático no Mundo. A Declaração do Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre a situação na Ucrânia pode ser encontrada através do seguinte link - http://usa.mfa.gov.ua/en/press-center/news/19194-ukrainemarch- 8th-2014 .
Sobre alguns erros dos meios da comunicação social portugueses. Os canais portugueses por qualquer razão transmitem ativamente as imagens das manifestações pró-russas no leste da Ucrânia, mas não prestam muita atenção às enormes manifestações pró-ucranianas a favor da soberania da Ucrânia e contra a presença das tropas russas em território ucraniano (como, por exemplo, estas: Odessa, 09.03.14 - http://www.youtube.com/watch?v=GByWoQKRNA0#t=71 ; Kharkiv, 09.03.14 - http://www.youtube.com/watch?v=KAk275DdrFk ; Donetsk, 05.03.14 - http://www.youtube.com/watch?v=KAk275DdrFk ). A grande maioria das regiões Leste e Sul da Ucrânia suportam a integridade da Ucrânia.
O repórter da RTP Evgueni Mouravich (jornalista russo) numa das transmissões em direto da Crimeia afirmou que os resultados do referendo são evidentes, porque “a maioria dos habitantes da Crimeia são pró-russos (70-80%)”. Mas o seguinte inquérito organizado por um dos canais de televisão locais da Crimeia mostra que a posição da população local não é bem essa:

(Questão : Suporta adesão da Crimeia à Rússia? Sim – 2989 votos, Não – 15966 votos).

(Fonte: http://www.telekritika.ua/profesija/2014-03-07/91244)
Salientamos também que as mesmas conclusões foram feitas pelo jornalista da revista “Público” – Paulo Moura. Por exemplo, neste artigo “http://www.publico.pt/mundo/noticia/putin-ganha-luz-verde-para-avancar-na-crimeia-onde-muitos-querem-voltar-a-russia-1626757#/0” ele reproduz os factos com falta de objetividade. Ele acentua-se no facto (que não foi comprovado por ninguém e não corresponde à realidade) “dos grupos extremistas de Maidan” estarem a caminho da Crimeia para tomar poder na península.
Outro facto preocupante foi a utilização do vídeo gravado durante os confrontos entre os ativistas pró-russos e pró-ucranianos no dia 5 de Março em Donetsk (http://www.youtube.com/watch?v=3pdZ81HNEIM) na seguinte reportagem da RTP, onde foi apresentado como transmissão em direto dos acontecimentos na Crimeia (“Direto. Crimeia, Ucrânia”): http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=721811&tm=7&layout=122&visual=61
Pode ver aqui alguns “snapshots” comparando estes dois videos (uma reportagem de um canal ucraniano feita em Donetsk no dia 5 de Março e a reportagem da RTP feita no dia 7 de Março):

A comunidade dos ucranianos em Portugal condena este tipo de atitude dos jornalistas que em nossa opinião revela a sua falta de objetividade e profissionalismo. A propaganda informacional hoje atingiu a sua maior escala, os meios de comunicação social russos divulgam muita informação que não corresponde à realidade, mesmo através do programa de televisão internacional “Russia Today”.
Existem muitos exemplos desta propaganda informacional:

 

Apelamos aos jornalistas portugueses a verificar toda a informação sobre os acontecimentos na Ucrânia que vós é fornecida e a expô-la de forma ainda mais objetiva e imparcial, porque hoje a informação verídica é essencial. Divulgação de informação incorreta provoca a escalação posterior do conflito existente que constitui grande ameaça não apenas para Ucrânia, mas para todo o mundo!
P.S. Pode seguir as notícias sobre os acontecimentos na Ucrânia em inglês através das seguintes páginas no facebook: https://www.facebook.com/euromaidanpr, https://www.facebook.com/EnglishMaidan, https://www.facebook.com/russiahandsoff?ref=profile .

Autores:

Vladyslav Martynyuk (Ця електронна адреса захищена від спам-ботів. Вам необхідно увімкнути JavaScript, щоб побачити її.)

Kateryna Ilechko (Ця електронна адреса захищена від спам-ботів. Вам необхідно увімкнути JavaScript, щоб побачити її.)

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