Ucrânia: Valores vs Interesses

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Категорія: Португалія
Створено: 17 березня 2014 Дата публікації Перегляди: 10070

A Ucrânia vista por si própria

A Ucrânia, é um país grande e estratégico demais, tanto para europeus ocidentais, como para a Rússia.

É a maior nação, totalmente dentro do continente europeu.

Tornou-se um “pais axial”. A travessia do eixo Norte-Sul, leva-nos do Cristianismo ao Islamismo. E o eixo Este-Oeste, relembra-nos a Guerra Fria, além de unir outros pontos de interesse geoestratégico, e geopolítico (mormente em termos energéticos).

A região é considerada, como o “Celeiro da Europa”. O seu subsolo detém reservas de gás natural e petróleo, além, de ferro e carvão.

Mais do que um novo conflito “Leste-Oeste”, o que assistimos é um “novo choque de civilizações”, entre “valores vs interesses”.

 A Ucrânia vista pela Europa Ocidental

A UE reconhece o atual governo ucraniano, a sua Lei Constitucional e integridade territorial. O referendo da Crimeia, neste contexto, não é válido.

A proposta de Acordo de Associação, prevê a criação de uma zona de comércio livre com a Ucrânia. Gradualmente, o Euro deverá servir de divisa de “ancoragem” e “estabilizador” da economia ucraniana.

Têm sido postos à disposição vários recursos financeiros, tendo como pressuposto, a reforma institucional, económica e legislativa da Ucrânia.

As reservas de gás natural, o acesso aos gasodutos e a um “celeiro” natural, estão na esfera de interesse europeu, assim como, aceder a uma ampla força de trabalho qualificada, a baixo custo.

 A Ucrânia vista pela Rússia              

A Rússia está historicamente pequena. Usou o “fenómeno olímpico”, como Hitler, e entende que a Ucrânia se insere no seu “espaço vital”.

O referendo na Crimeia é legítimo, e o governo ilegítimo.

Considera a região como um “novo Kosovo”.

 Tem na Crimeia, a base da sua força naval no  Mar Negro desde o tempo de Potemkim (1783). Dali pode controlar o estreito de Kersh e o Mar Azov. Foi ponto estratégico no conflito da Ossétia e Abecásia, contra a Geórgia.

 Tem gasodutos que atravessam a Ucrânia, e usa a fonte energética como arma económica. Desde a URSS que a produção agrícola ucraniana está no seu centro de interesses.

 Propôs uma União Aduaneira à Ucrânia, face à Zona de Comércio Livre avançada pela UE.

Historicamente a Rússia usa a coação (ex. Holodomor “genocídio” na Ucrânia perpetuado por Estaline), estando disposta a usar a força, enquanto o Ocidente usa sanções económicas.

É a guerra que Putin não pode perder.

 A Ucrânia vista pelos EUA

Para os EUA, a Ucrânia veio reformular a estratégia de exportações do “shale gas”.

Do ponto visto geopolítico, os americanos dão maior apoio à Geórgia. O ciclo eleitoral americano, corre contra a Ucrânia, devido às “eleições intercalares” de Novembro.

O Memorando de Budapeste de 1994, que garante a proteção do povo ucraniano após esta ter “desarmado do nuclear” é apenas um documento diplomático. Não tem o poder de um Tratado internacional. É um instrumento de “soft power”.

A Ucrânia vista pelos Organismos Internacionais

A ONU está bloqueada pelo poder de veto da Rússia. A OSCE tornou-se um lugar vago de diálogo. A NATO já foi atacada (pelo menos digitalmente) e está disposta a defender as fronteiras ucranianas, nos termos da parceria outorgada com Kiev em 1997. Desde o conflito na Geórgia que a Ucrânia tem aberta as portas da NATO.

 Conclusão

Um século após a I Guerra Mundial, a Ucrânia assemelha-se a um “novo Sarajevo”. Os atores devem compreender que ao “novo choque civilizacional” de “valores vs interesses”, deverá sobrepor-se uma gradual “justaposição” negociada dos mesmos. O Mundo agradece.

Titulo:

Ucrânia: Valores vs Interesses

Autores:

Yuliya Pazychyn

Membro Spilka (Associação dos Ucranianos em Portugal)

Médica Interna do SESARAM.

Nuno Gomes Ferreira

Membro da Rede Team Europa (Comissão Europeia)

 

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